A bandeira dos estudantes não poderia ser mais ridícula. A legitimidade de suas assembléias é nula. Seus órgãos de representação valem tanto quanto uma nota de sete. Seus métodos envolvem uma violência absolutamente antiética, na medida em que partem do pressuposto de que o lado de lá não está autorizado a agir baseado nos mesmos princípios.
Apesar disso tudo, eles são uma das poucas forças vivas na sociedade civil brasileira de hoje.
Olhe o que está acontecendo na Grécia, meu caro. Olhe o que está acontecendo em toda a Europa. A democracia formal está se dissolvendo. As eleições têm tanto sentido político quanto a escolha da Miss Universo. Tanto faz escolher Fulano ou Sicrano. A política implementada será a do grande capital.
Aqui no Brasil, temos a mesma situação, só que mascarada por dois fatos: a prosperidade econômica e as mudanças efetivas no perfil da sociedade induzidas pelas políticas sociais dos governos petistas. Paralelamente a isso, políticas econômicas ultraconservadoras, das quais o Itaú, por exemplo, certamente não tem do que reclamar.
Temos a impressão, no Brasil, de ainda estarmos fazendo opções reais quando vamos às urnas. A polaridade entre "tucanos" e "petistas" ainda consegue dar um sentido residual à democracia brasileira. Mas há um mal-estar permanente no fundo de todas as discussões. De algum modo, sentimos que, de Pedro Malan para Antônio Palocci, houve a mais perfeita continuidade e que estamos simplesmente anestesiados pela bonita cena de pessoas humildes finalmente sentando ao nosso lado nos aviões.
E se der errado? E se a crise chegar por aqui com força? Que alternativa será oferecida à sociedade? A "lição de casa" da Miriam Leitão?
Não ria demais dos estudantes, João Vergílio. No final das contas, apesar de todo o ridículo, eles podem estar carregando consigo uma inquietação muito mais profunda do que a mera recusa da Polícia Militar dentro do campus.
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