domingo, 27 de novembro de 2011

Não falam, mas percebem

O blog teve mais de 500 acessos no primeiro dia, mais de 600 no segundo, e agora, 15:25 de um domingo, já conta mais de 300 visitas.

Vão me dizer que o problema não é real? 


20 comentários:

  1. Acredito piamente no problema. Mas acho que não devemos abrir mão de votações presenciais. (Ao menos os estudantes). Seria bom que as pautas fossem estabelecidas bem antes, por um período de alguns dias, a partir das assembleias de curso. E que pudessem ser discutidas antes da realização das assembleias. Acho que devemos ir por aí, reformar as assembleias, tentar aprofundar o debate, mas não abrir mão das votações presenciais. Eu acho que o voto sem debate é ainda muito mais provável em votações impessoais.

    -William

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  2. William,

    Seria legal se você apresentasse um argumento em favor de sua posição, pois assim a discussão pode avançar. Por que você acha que as votações presenciais são importantes?

    Abraço.

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  3. Que rápido! Bom, acho que pelo encontro que uma assembleia presencial proporciona. Não é só a discussão das falas. Tem todas as conversas paralelas, que podem ser muito interessantes. Acho menos provável de acontecer que as pessoas se fechem em grupos que tendem a concordar com elas sobre a maioria das coisas. Não digo que não aconteça, mas acho que sem o encontro seria pior. Acho que os vícios de uma assembleia presencial se aprofundariam, em vez de serem curados. A votação sem discussão seria muito mais provável. Além disso, não estou certo de que os que fossem contrários ao resultado das votações o respeitariam mais do que respeitam hoje. Preciso formular melhor isso. Mas é por aí. Espero que consigamos absorver suas críticas. Gostei muito de como você escreve.

    -William

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  4. William,

    Esse fator para o qual você aponta - o fechamento das pessoas dentro de grupos, a ausência de discussão - é importante, mesmo. Mas qual é o remédio para isso? Mais discussão, ora. Olhe o que está acontecendo aqui. Nós dois discordamos, e estamos trocando idéias na frente de uma porção de gente. E todo mundo lendo - uns concordando com você, outros comigo, outros imaginando alternativas que nenhum de nós dois está considerando. E isso sem hora para começar, nem para acabar. Às duas da manhã, o Fulano pode entrar aqui e ler o que escrevemos, postar uma resposta, e por aí vai. E nada impede que haja também discussões presenciais - pelo contrário. Quanto mais discussão, melhor.
    No final de semana, todo mundo vota.
    É muito mais legítimo.
    Abraço.

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  5. Essas discussões poderiam se complementar. Acho que já se complementam. O Facebook está fervendo. Por isso seria bom que as pautas pudessem ser divulgadas antes. Mas desconfio dessa integração que a internet proporciona. Acho que em muitos sentidos ela isola também. Mas não vou conseguir argumentar nessa direção agora. Preciso pensar. Fica assim, por enquanto. Um abraço.

    -William (de novo)

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  6. Beleza, William.

    Vou elaborar mais as idéias e amanhã ou depois publico um post só sobre isso.

    Abraço.

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  7. Caro William e professor João Vergilio confesso que de fato as assembleias tem sido muito interessantes, porem um grande problema nessas assembleias é a utilização de falsos fatos, seja por falta de pesquisas ou na ma intenção mesmo.Ouvi historias ridículas nessas assembleias, sempre sitando pessoas sem nomes e sem rostos, porem quando fui atras para saber se a historia era real sempre me deparava com pessoas dizendo que as coisas não eram bem assim.
    Escutei um morador do CRUSP em um assembleia falando que acordou com a porta de seu quarto sendo arrombada pela PM e com gás lacrimogênio no pé de sua cama.Porem quando fui atras da informação conversando com outros moradores e com diversos porteiros todos me falaram que a unica coisa que aconteceu foi o prédio ser cercado.
    Muito se fala nas assembleias se todas as coisas que falam forem levadas em conta os votos ficam comprometidos. e as pessoas tem de votar com base no que ouviram, sem tempo para maturar as ideias ou mesmo de irem atras dos acontecimentos de fato.

    Dessa forma uma votação presencial pode ser ainda mais perigosa do que não comparecer em uma assembleia e votar via internet.

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  8. Eu acho que outra questão muito importante é que nem todos tem a paciencia de ouvir o discurso até o fim e nem todos tem a disponibilidade de fazer isso. Eu por eemplo deixo claro minha posição de que meu trabalho é mais importante. A assembléia na FAU costumava começar as 2 mas qualquer votação ia muito alem desse horario. Eu não tinha duvida, ia para minha aula que era minha prioridade. Ao mesmo tempo não podemos esquecer que pessoas que fazem estágios, ICs e etc tambem deveriam ter direito ao voto, mas não possuem o tempo.
    Creio ser totalmente plausivel alguem não dar valor as assembleias quando elas se propoem a ser algo mais importante do que as prioridades individuais de cada aluno. Porque iria me manifestar contra se com isso estou perdendo o foco do meu objetivo.
    Alem disso uma questão muito séria é que as assembléias são MUITO CHATAS. As pessoas são repetitivas, os mesmos fatos são apresentados de forma recorrente.
    Creio que uma situação em que posições sao debatidas pela internet, onde textos objetivos de grupos organizados são apresentados com os argumentos colocados de forma clara podem ser muito mais efetivos e despertar muito mais o interesse dos desinteressados. Quem quer discutir vai correr atraz, quem não quer pelo menos tem os argumentos postos a mesa para tirarem suas próprias conclusões. A partir dai o voto em urna (seja ele como for) permite o aluno manifestar a qualquer hora, dessa forma acabando com qualquer argumento do tipo "Não tive tempo d eir votar" e finalmente poderiam falar a plenos pulmões "Voce se absteu porque quiz!"

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  9. Boa noite, estou lendo as disucssões ao longo da tarde, e resolvi me juntar.

    Acredito que o maior problema que essas assembléias estão causando é que quem pode, quer ou costuma participar está deixando transparecer que acredita que seu voto seja mais importante ou de maior peso do que os que "não se representam". Não questionam os motivos para a não presença dessas pessoas, e generalizam como "apolitizados". Se uma assembléia acaba as 11 da noite, e eu, morando em um lugar perigoso, opto por ir não ficar, eu sou apolitizado? Se eu passei por anos e anos de greves, ouvindo os mesmos discursos, e deixei de acreditar nessa assembléia como é realizada, eu sou ignorante? É o que eu tenho ouvido.

    Quando peço por argumentos em pró da assembléia, sempre escuto que ela é o único local de debate. Quando questiono o que me faz perder o direito de votar por não estar na assmbléia, me dizem que é por não ter recebido as informações da discussão. Irônicamente, quando pergunto sobre o que me assegura que as informações expostas tem fundamento, me dizem que todos já deveriam ter discernimento pra pensar independendte do que é dito na assembléia. A mesma pessoa disse essas duas sentenças.

    Ao mesmo tempo que eu vejo alunos que querem fazer a prova, sendo barrados, eu descubro que há uma comissão de greve autorizando os alunos grevistas que vão viajar a fazer a mesma prova. Eles foram selecionados como aptos a realizar o teste, mas os que são contra a greve não tem o direito a fazer a prova, por não ter "requisitado" esse direito.

    Como posso concordar com um movimento desses?


    -Vanessa

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  10. Hora da cerveja. Depois, volto à carga. Até já.

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  11. João,
    Vou colaborar com um mito para a sua lista. Trata-se do mito do herói consciente. Vou me explicar. No começo dos anos noventa e final dos oitenta a militância de esquerda ainda estava fortemente influenciada por certos modelos de atuação do período da ditadura. Muitos de nós acreditávamos em uma espécie de missão sagrada: tornar os brasileiros conscientes e, desse modo, mudarmos os rumos da história. Pensávamos que já tínhamos a chave de compreensão da realidade e, por isso, tínhamos o dever de mudar a realidade. Éramos heróis. Em muitos casos, porém, heróis incompreendidos. A vizinha não se engajava na luta; o dono da mercearia não apenas não se engajava, mas condenava; os colegas de segundo e terceiro grau também não apoiavam em massa nossas ações. Em alguns casos, até tínhamos apoio expressivo, mas nem sempre. Isso, porém, não nos demovia da nossa missão nem tampouco nos desanimava. Éramos heróis conscientes. Estranhamente, a realidade não caminhava para a efetivação das condições objetivas nem subjetivas para a revolução. Na verdade, o que estava acontecendo é algo que, na minha opinião, muitos dos participantes de movimentos como o que ocorreu na USP não compreendiam bem e ainda não compreendem. O Brasil estava saindo de um período de ditadura e entrando em um período de democracia. Isso parece estar longe do que aconteceu na USP, mas não está. Muitas das práticas desses grupos continuam presentes nos dias de hoje. Veja como é absurda a situação. Qual o número total de alunos da USP? Segundo o Anuário Estatístico de 2011 são 88.962 alunos matriculados. Quantos alunos estavam nas assembleias que decidiram os rumos do movimento? Segundo os dados de uma reportagem, o número de estudantes passava em muito pouco os mil (http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/11/02/apos-assembleia-que-decidiu-pela-desocupacao-de-predio-da-usp-estudantes-invadem-reitoria.jhtm). Mil para oitenta e oito? como isso é representativo? Só na cabeça de heróis! Com quantos membros contava a coluna Prestes? Certamente não eram muitos, mas ele fariam a revolução. Muitos dos grupos de inspiração leninista e/ou trotskista que estavam no interior do partido que despontava como esperança naquela época ficaram entre a cruz e a caldeirinha. Ou aceitavam ou não as regras do jogo democrático. Por algum tempo as eleições foram uma pedra no sapato de parte da esquerda.Hoje a esquerda participa dos aparelhos do estado, porém muitas práticas são resquícios daquelas épocas: desviar dinheiro para o partido, assembleias pouco representativas, piquetes, invasão de instituições de ensino e coisas tais. Não sei se os estudantes do movimento da USP são ligados a partidos de esquerda. Isso não importa. O que importa é que eles herdaram práticas truculentas e absurdas da esquerda. Não é de se admirar que eles se sintam autorizados a fazer o que fizeram, pois os antigos militantes eram heróis que fariam a revolução. E lembre-se, a revolução não seria com rosas, mas com armas. Afinal levaríamos o Brasil ao caminho certo, nem que para isso tivéssemos que matar um número significativo de pessoas.

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  12. IBMIN,

    Pegando a sua deixa... Acho que se alguém não vai a uma assembléia e resolve votar via internet é porque considera-se suficientemente esclarecido sobre o assunto. Tem todo o direito de se sentir assim, e de votar conforme a sua consciência, ora, essa. "Ah, mas primeiro eles têm que ouvir o que eu tenho a falar." Ouvem se quiserem. Ponto final. Que mania de querer determinar o que eu tenho ou não tenho que fazer para estar finalmente preparado para votar...

    Haverá um post especial nos próximos dias dedicado ao MARTIROLÓGIO estudantil. Essas narrativas têm que ser desmistificadas. Não porque sejam mentirosas sempre, mas porque são NECESSÁRIAS sempre. Essa necessidade tem que desfilar nuazinha em pelo diante de nossos olhos, para conhecermos sua real natureza.

    Abraço.

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  13. Rodrigo, o Coelho

    Concordo plenamente com você. Uma das vantagens do voto pela internet é que você pode votar em casa, no final de semana, sossegado. Pode pensar com calma. Não precisa ter medo de vaia, ou de ficar estigmatizado como "reacionário".

    Não sei a posição de meus colegas. Eu, que NUNCA respeitei decisões de assembléia (e me orgulho muito disso), não teria coragem de dar aula diante de uma decisão LIMPA tomada por 80%, 90% dos estudantes. Por mais que eu ache greve estudantil uma imitação ridícula das greves de trabalhadores, respeitaria uma decisão que tivesse atrás de si essa espécie de respaldo.

    Do jeito que as coisas são feitas? Mas de jeito maneira...

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  14. Vanessa,

    É muito importante que pessoas como você comecem a se expressar. Vocês não têm razão nenhuma para carregar nas costas esse estigma mentiroso de "alienados", "desinformados", "covardes", e não sei mais o quê. São alunos, como todos os outros. Estudam, lêem jornais, participam de discussões, têm opiniões políticas, sonhos, utopias, projetos, revoltas, etc. Convenceram-se de que assembléias são instrumentos de manipulação coletiva, e não estão dispostos a atuar como figurantes nesse tipo de comédia. Só isso.

    Repito pela enésima vez. Ninguém é contra DISCUSSÕES presenciais, que se acrescentem a muitas outras discussões necessárias. Nossa discordância é outra. Não vemos (i) por que fazer com que essas discussões ocupem o lugar das aulas, ao invés de se acrescentarem a elas, nem (ii) por que vincular as VOTAÇÕES a esses eventos precários, ao invés de permitir que TODOS manifestem sua opinião com a mais completa liberdade.

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  15. Salve meu querido Saucedo! Há quanto tempo, rapaz!

    Essa mitologia da "vanguarda" é o que está por trás de tudo isso, e certamente voltaremos ao tema.

    Há duas espécies de consciência por trás da exigência de votações presenciais:

    (i) A de quem está convencido de que há informações preciosas, que só podem ser transmitidas ali, naquele contexto. (Mas POR QUÊ, minha Nossa Mãe do Céu???)

    (ii) A de quem sabe que, sem esse trunfo, terá que se conformar com sua insignificância estatística e política, pois não terá mais como arrancar decisões de assembléias desonestas e manipuladas. (E chamam quem se rebela contra isso de "alienado"... Sei...)

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  16. Caro Virgílio,

    Queria expressar uma admiração pela iniciativa do senhor de criar este blog. Creio que ele será frutífero para expor as diversas ideias que passeiam na mente da nossa opinião pública (não só da opinião acadêmica). Bom, sou a favor da internet como lugar de discussão, e portanto defendo as votações enquanto forma puramente de consulta. Creio que o espaço da ação deve ser físico. Eis meus argumentos:

    1) Creio que parte deste argumento veio do nosso caro professor Estevão e é uma extensão do debate que realizamos em classe sobre a possibilidade de ensinar filosofia virtualmente. A ideia é de que se a internet fosse um perfeito substituto do modo 'antigo' de presença física, então seria verdade também que qualquer um se contentaria em apreender toda a filosofia em livros (versão 1.0 da internet), e neste sentido não haveria necessidade nem de aulas nem da instituição de ensino chamado academia (ou liceu). Ora, o centro do argumento é a didática: o espaço físico é um lugar de transferência de valores, onde as pessoas criam ideais e se relacionam com os objetos através de paixões. Por um lado estas paixões podem levar a violência, porém por outro lado tem o efeito benéfico de uma relação 'erótica' (sentido platônico) com o objeto em questão na assembléia que é o público. Ou seja, o amor pelo público me parece condição essêncial para uma ação efetiva e creio que a internet desenvolve uma certa 'apatia' neste sentido.

    2) A assembléia presencial pode incorporar a discussão da internet, as pesquisas da internet e seus espaços de deliberação virtual como caráter de consultas e informes. Assim se impede que as atitudes tomadas sejam unilaterais.

    3)Como Paulo Arantes falou em uma palestra: o movimento negro do estados unidos começou com uma mulher negra que se sentou nos bancos dos brancos. A assembléia é como isto: sim pode provocar vários problemas, inclusive conflitos com as aulas e outros entraves, mas uma ação sem prejuízos para alguma das partes não é ação.

    Euclides Stolf

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  17. Caro Euclides Stolf,

    1. Não creio que a Internet seja um "substituto" para nada. Ela se acrescenta àquilo que já existia, e abre novas possibilidades, como esta conversa que estamos tendo agora.
    2. Em particular, não creio que fóruns virtuais devam "substituir" discussões presenciais.
    3. Sou contra (isto, sim) VOTAÇÕES em assembléias. A votação PODE ser feita numa urna virtual (pois é mais prático). Mas pode também ser feita num urna convencional, disponibilizada aos alunos (ou professores, conforme o caso) ao longo de um ou dois dias, para que todos possam votar. É esse o ponto central de meu argumento. Tente enfrentá-lo, poir assim o debate ficará mais interessante. Com que argumentos você defende a VOTAÇÃO em assembléia (por oposição à votação em urna eletrônica, ou de madeira)?

    Abraço. Obrigado pela visita, e volte sempre.

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  18. Bom dia, João Vergílio

    A sua proposta: fim das votações nas assembleias propõe o fim delas. Entendi bem sua proposta?

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  19. Desculpe-me: meu nome é Flavio Pereira.

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  20. Olá, Flávio.

    Se por "assembléia" você entende uma reunião em que, após a discussão dos temas em pauta, é feita uma votação, então é claro que estou propondo que as deliberações não sejam mais tomadas dessa forma. Se por "Assembléia" você entende uma reunião presencial para a discussão exaustiva de pontos que serão votados DEPOIS, numa urna eletrônica, ou numa urna convencional, então NÃO ESTOU DE MANEIRA ALGUMA PROPONDO QUE AS ASSEMBLÉIAS DEIXEM DE SER REALIZADAS.
    Desculpe-me pelas maiúsculas, mas o ponto é tão fundamental que me pareceu necessário dar-lhe alguma ênfase.
    Sou contra, enfim, VOTAÇÕES presenciais, no final de assembléias. Votações devem ser feitas ao longo de um ou dois dias, com uma urna convencional ou eletrônica à disposição de todos os estudantes.
    Espero ter esclarecido sua dúvida.
    Abraço.

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