sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Carta aberta aos alunos da FFLCH

Mais uma vez, como acontece quase todos os anos, minha aula foi interrompida na última segunda-feira (dia 21) por um grupo de estudantes que buscavam obter na marra uma unanimidade que não conseguiram alcançar por meio da argumentação e do convencimento. Nós todos, professores, funcionários e alunos desta Universidade, precisamos repensar o significado de episódios como esse. Estamos a um passo de presenciar cenas de pugilato entre alunos  há poucos dias, quase tivemos um desfecho desse tipo no prédio da Letras. Talvez seja hora de fazermos uma pausa e, sem abrir mão de nossas convicções pessoais, tentarmos chegar a um acordo a respeito de regras básicas que garantam uma convivência civilizada dentro da FFLCH.

A invasão de uma sala de aula (da mesma forma que um cadeiraço, um apitaço, e coisas do gênero) sempre envolve algum grau de violência. Não se trata, é claro, de violência desregrada ou desmedida. O que se nota nessas manifestações é uma observância estrita de certas regras e uma mensuração cuidadosa do grau de ruptura admissível em cada situação. Faz-se uma espécie de “cálculo”. Trata-se, em cada caso, de determinar o menor grau de violência física capaz de gerar um certo resultado. É essa a natureza do piquete, do cadeiraço, do apitaço, da invasão de sala.

É um cálculo de difícil visualização. Conforme o lugar de que o enxergamos, ele assume um aspecto diferente. Do ponto de vista de quem calcula, parece mais uma recusa da violência física do que um convite a ela. Afinal de contas, a preocupação maior do calculista é justamente chegar a um certo mínimo indispensável de meios físicos para a consecução de um certo fim. Trata-se, digamos assim, de guardar a maior distância possível de uma troca de socos. No entanto, se mudarmos nosso posto de observação e olharmos para esse cálculo no contexto do conflito em que ele se insere, a coisa muda de figura. Quando uma pessoa acredita ser razoável fazer essa contabilidade da violência, ela implicitamente autoriza seus oponentes a empregarem a mesma lógica. Os alunos que estão sendo vítimas do piquete podem ser levados a raciocinar da seguinte forma: “Os argumentos se esgotaram. É hora de utilizarmos outros meios. Uma troca de socos seria um incidente lamentável, a ser evitado a todo custo. Qual será, então, a dose mínima de violência física necessária para nos contrapormos a essas pessoas que invadiram as classes e interromperam as aulas? Tentemos expulsá-los no grito. Se isso não surtir efeito, refaremos nossos cálculos.”

As coisas se complicam ainda mais porque, vista do lado dos manifestantes, a mera permanência em classe de quem não aderiu à greve pode ser vista como uma violência  e violência física!  contra a decisão tomada pela maioria dos estudantes que votaram numa assembléia. O raciocínio é simples. “Se agem fisicamente ocupando classes que deveriam estar vazias, agiremos também fisicamente, interrompendo as aulas. Eles começaram o cálculo de violências possíveis. Nós só reagimos, efetuando a segunda operação desse cálculo.” Creio que existe aqui um equívoco a respeito do tipo de obrigação gerada por decisões de uma assembléia e também a respeito da legitimidade da violência praticada em nome dessas decisões. Mas existe também uma outra questão, talvez mais premente, na medida em que nos permite compreender as atitudes antagônicas dentro da comunidade acadêmica frente a certas modalidades de decisão coletiva.

Para boa parte dos estudantes, funcionários e professores, assembléias deixaram de ser mecanismos legítimos para a tomada coletiva de decisões. Muitos de nós convenceram-se de que as assembléias se transformaram, nos melhores casos, em mecanismos de manipulação ideológica, cuja única função é garantir a “hegemonia dos mobilizados”. Um professor ou aluno que entra em sala de aula contrariando decisões de uma assembléia não se sente de modo algum traindo a “vontade coletiva”, a “confiança dos colegas”, ou o que quer que seja. Sente que está simplesmente exercendo seu direito de ir e vir, pois não atribui nenhum valor às decisões tomadas pelos colegas. Essas pessoas não frequentam assembléias, não querem frequentá-las, e não acreditam que, deixando de frequentá-las, estejam dando a quem quer que seja o direito de decidir qualquer coisa em seu nome. Esse é o ponto. Não é este o espaço adequado para avaliar em profundidade essa crise de legitimidade das assembléias, mas é preciso reconhecer que ela existe, e é um dos inúmeros assuntos que precisam ser discutidos dentro da universidade. Há respostas que precisam deixar de ser dadas, e perguntas que precisam começar a ser feitas. Façamos pelo menos algumas. Uma assembléia virtual, conduzida na Internet ao longo de quatro ou cinco dias, seguida de uma votação eletrônica no final da semana não seria uma opção muito mais interessante do que assembléias presenciais de duas, três horas, a que poucos alunos e professores podem ou querem comparecer? A palavra escrita, no contexto de uma discussão coletiva, não teria um peso muito maior? Não haveria um ganho se retirássemos dos mecanismos coletivos de decisão o elemento intimidatório das vaias e dos aplausos? Não seria ótimo que pessoas mais tímidas, mas bem articuladas, pudessem dar contribuições relevantes ao debate? Não seria muito mais difícil que eventos desse tipo fossem manipulados por pequenos grupos políticos graças a um arsenal de espertezas muito bem conhecido por todos nós? (Não nos esqueçamos de que esta última invasão da Reitoria foi, sim, decidida pelo voto da maioria dos presentes numa assembléia. Eu lhes pergunto: numa assembléia virtual, uma decisão como aquela teria sido tomada? E, caso fosse tomada, mas com ampla participação dos alunos, ela não teria uma outra força? Não teria um outro sentido?)

Unida à crise de legitimidade das assembléias, a utilização de piquetes tem um efeito particularmente pernicioso. Eles se transformam pura e simplesmente numa agressão de um grupo contra outro, que não vê no primeiro nenhuma legitimidade para tomar uma atitude tão extrema. A situação fica reduzida a uma briga (a expressão é esta!) entre a “turma das assembléias” e a “turma que deseja assistir às aulas”. Até aqui, não houve reações violentas, mas elas estão a um passo de acontecer, pois a parte ofendida começa a sentir-se no direito de reagir como puder. É esse o desfecho a que queremos assistir?

É necessário que os defensores dos piquetes em sala de aula comecem a se pôr no lugar de quem está lá dentro. Imaginem-se do outro lado. Imaginem, por exemplo, que um grupo de alunos que não reconhecesse legitimidade nas assembléias resolvesse acabar com uma delas utilizando “a menor intensidade possível de violência física” — por exemplo, fazendo um apitaço que inviabilizasse a reunião. Quando uma pessoa fosse falar, seria interrompida por um coro de apitos e buzinas. A pessoa tentaria falar novamente, e o apitaço seria retomado. Os alunos presentes à assembléia reclamariam, xingariam, e os manifestantes voltariam a fazer silêncio, até que alguém tentasse retomar a palavra. Após quinze, vinte minutos sendo submetidos a essa violência mínima, como vocês, que defendem os piquetes em sala de aula, reagiriam? Como vocês se sentiriam? Acima de tudo  é nesta direção que devemos caminhar? É esse o horizonte que queremos abrir?

A discussão está tão envenenada, que me sinto obrigado neste ponto a transformar uma obviedade em ressalva. Nem me passa pela cabeça propor que se apliquem às assembléias os métodos violentos próprios dos piquetes. Isso seria a consumação da barbárie. Estou propondo exatamente o contrário disso. É preciso restituir à palavra o peso e a importância que ela deve ter, e não avançar no sentido de substituí-la por apitos e buzinas. É preciso, enfim, que todos nós façamos uma reflexão a respeito dos limites e das modalidades da ação política dentro do campus. O objetivo não é de maneira alguma bloquear o debate dentro da universidade, mas ampliá-lo, e dar a ele um novo sentido e uma nova força. A solução não está na década de 60, com seus livros sagrados e suas mitologias. O que foi grandioso naquela geração foi exatamente o fato de que eles tiveram a audácia de inventar seu próprio tempo. Por que não ousar um passo do mesmo tamanho? Por que se contentar com o triste papel reservado aos epígonos? Os problemas estão todos aí, intocados. O Brasil, apesar dos inegáveis avanços, continua sendo um país no qual a igualdade de oportunidades inexiste. No mundo todo, a democracia ameaça muitas vezes transformar-se numa cerimônia vazia, na qual o voto depositado na urna não tem nenhum sentido para além da escolha de Fulano, ao invés de Beltrano. No âmbito da universidade, precisamos sem dúvida discutir os problemas (e os limites) da representação e da legitimidade. Os problemas estão aí, por toda a parte, na universidade e fora dela. Eu só me pergunto se é necessário paralisar aulas para discuti-los (numa macaqueação um pouco ridícula das greves de trabalhadores) e, acima de tudo, se é legítimo utilizar a violência dos piquetes para garantir paralisações decididas em assembléias nas quais metade da comunidade acadêmica não enxerga nenhuma legitimidade. A idéia não é recuar para o conformismo, mas avançar para novas formas de legitimação, aceitando todos os riscos dessa caminhada. A idéia não é, enfim, esvaziar o debate na universidade, mas torná-lo mais amplo, mais profundo e mais legítimo.

45 comentários:

  1. Não esperava outro tipo de comentário.

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  2. Concordo com o professor, mesmo sendo uma das pessoas que estava na assembleia.

    Não sei se é manipulação ideológica, mas não vejo porque não conversar com quem não está mobilizado, sem apitações ou coerção.

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  3. O texto exprime a opinião da maioria silenciosa e desorganizada de estudantes da FFLCH, que podem até ter simpatia em relação a (algumas das) reivindicações da "turma das assembleias", mas discorda radicalmente dos métodos adotados, do discurso fácil e vazio repetido à exaustão, e, principalmente, do inaceitável descumprimento à ordem judicial no caso da reintegração de posse da reitoria.

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  4. Professor,

    Bem, primeiro, espero que você continue escrevendo aqui no blog, parabéns pelo texto, concordo integralmente com suas palavras e considero que a legitimidade dos diretórios de estudantes é uma questão que deve ser avaliada com cuidado, pois já não é de hoje que um movimento contínuo tem sedimentado esse cenário e fortalecido certas ideias e correntes políticas -- a questão é um problema especialmente pra esquerda, que anda um tanto esquizofrênica quanto a sua ineficiência e incapacidade de falar e representar as massas (vide o declínio da esquerda na Europa e ascensão das ultra-direitas intrinsicamente ligadas às camadas populares, misturando populismo a xenofobia num composto perigoso).

    Porém, acho que um aspecto também precisa ser considerado. É certo que não parece haver legitimidade para que o DCE e outros movimentos que postulam representação estudantil ajam como se estivessem falando em nomes da ampla maioria, mas eles não podem abdicar de uma função que tem também caráter institucional. O que eu quero dizer é: interessa a essas pessoas preservar esse ambiente de docilidade e conforto onde não há contestação de ideias, mas apenas afirmação de uma hegemonia, mas também interessa a uma parte dos que não se sentem representados o papel confortável de marginalizados.

    Ou seja, reconhecendo os problemas que você aponta acertadamente, como esperar uma mudança, ou melhor, de quem esperar a iniciativa? Dos que estão confortavelmente instalados na posição que lhes convêm, decidindo em nome dos muitos outros? Acho que não. É preciso que os não representados se organizam, no mínimo, para mudar esse cenário inicial, para implementar, por exemplo, algumas das sugestões que você relaciona aqui, ou para destituir (legitimamente, é claro), aqueles que estão lá, na condição de representantes, sem encontrar respaldo político concreto nas ideias dos estudantes da instituição. Talvez esse cenário mude com as novas eleições do DCE. Talvez! Mas qualquer alteração significativa e desejável (passa) inapelavemente por um aprofundamento político -- contra todo verniz estritamente ideológico e frequentemente antidemocrático que às vezes (?) mascara os debates e discussões nas assembleias -- e não pelo esvaziamento político de quem quer a liberdade de criticar, sem o compromisso de assumir suas posições, de discutir suas ideias. Acho que eles (os que integram a corrente hegemônica) estão errados, sim, mas ao menos nós sabemos e podemos discutir seus erros. É preciso que os muitos outros saiam das sombras -- mesmo que seja para exigir um ambiente não hostil onde possam expressar suas ideias. A mudança não virá do nada.

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  5. Obrigado a todos os que vieram comentar. É bom conversarmos. Noto uma certa timidez naqueles que discordam de mim, e gostaria de deixá-los completamente à vontade para expressar sua discordância. Aqui, não sou professor, nem vocês são alunos. Somos todos membros de uma comunidade que busca encontrar caminhos, superar seus impasses. Não sou dono da verdade, e ninguém aqui irá "convencer" ninguém. O objetivo é outro. Queremos explicitar ao máximo nossas divergências para que elas se tornem mais frutíferas. A regra de ouro é a mesma que devemos empregar na maior parte das situações de nossa vida: respeito e educação de parte a parte.
    Desculpem-me pela escolha do Blogspot. Ele é prático, mas tem essa coisa chata de exigir cadastros, conta no Gmail, e por aí vai. Seria muito legal se, mesmo postando como anônimo(a), cada um(a) se desse um apelido para eventuais referências. Se começar a ficar inconveniente, migraremos para hospedeiro.
    Abraço.

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  6. Ótimo texto. Apesar de discordar, em parte, do posicionamento do professor é sempre produtivo e legal vê-los participando daquilo que é de todos nós.
    Precisamos sim "ousar um passo do mesmo tamanho"!
    Valeu pelo texto professor a contribuição de vocês é sempre preciosa.

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  7. Olá professor.
    Sou um dos partidários da greve pelo convencimento ao invés do cadeiraço e do piquete. Uma das coisas que o senhor disse, que é muito interessante, é que precisamos de uma pausa para pensar: a greve pode ser essa pausa, se for bem dirigida pelo seu comando.
    Devemos tomar muito cuidado para preservar nossos sindicatos e entidades representativas, eles foram conquistados com duras penas por meio de muita luta, o movimento estudantil e o movimento sindical tiveram que sobreviver ao regime autoritário e ditatorial dos militares (não sei se o senhor é um daqueles que sente saudades dos "bons tempos dos militares", espero que não). Deixar que eles definhem, seja pela falta de participação, seja pelo aparelhamento por grupelhos políticos, é uma irresponsabilidade histórica e um retrocesso. Da mesma maneira, deixar que eles sejam criminalizados pelo Estado, através da polícia, também é um grande perda e retrocesso, já passou da hora de superar a visão da oligarquia paulista do café com leite, na qual o presidente Washington Luís disse: "movimento social é caso de polícia", pois ele não é.
    Os estudantes querem diálogo, queremos um processo mais democrático na escolha do reitor e que a USP, pelo menos cumpra a lei (LDB), os conselhos da USP NÃO cumprem a proporcionalidade entre estudantes alunos e professores, eles têm muito menos alunos e funcionários do que deveriam. Olhe que esse é um argumento legalista que deixaria até o mais ferrenho kantiano arrepiado com a USP.
    Essa falta de diálogo e democracia reflete em políticas que NÃO contemplam todos os setores da universidade. A USP tem urbanistas, especialistas em políticas públicas, especialistas em segurança pública, especialistas em universidade, por que esse pessoal não é ouvido?
    Quanto à violência. Se os alunos praticam uma violência mínima, a polícia pratica uma violência máxima. Basta ver os índices internacionais, basta ver os relatórios da OEA, o Brasil é uma aberração jurídica do ponto de vista dos direitos humanos, descumpre deliberações da ONU e da OEA, ao não esclarecer e punir os carrascos da ditadura militar e pessoas como os agentes das FEBEMS, que foram condenados por tortura na OEA, mas absolvidos no Brasil.
    Enfim, apesar de ser aluno do doutorado em filosofia na USP, não sou bem nascido, nem chego perto de ser classe média, não tenho óculos raybam (nem sei se se escreve assim), nem agasalho da GAP, estou longe de ser o filho de papai baderneiro que está virando um folclore.
    Talvez, faltem algumas vírgulas, e o texto esteja meio mal armado, por ter sido redigido rápido, tenho que estudar rsrs, espero que a tendência do Reinaldo Azevedo de humilhar por causa de vírgulas não vire moda.

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  8. "Talvez seja hora de fazermos uma pausa e, sem abrir mão de nossas convicções pessoais, tentarmos chegar a um acordo a respeito de regras básicas que garantam uma convivência civilizada dentro da FFLCH".

    Professor, eu gostaria de fazer uma pergunta, mais ou menos, técnica. Mais porque ela é pedante e menos porque ela é prática, enfim. Quando o senhor afirma a manutenção irrestrita das convicções pessoais não existe a criação de um impasse? A dialética (tomada simplesmente como uma arte de dialogar, ou a racionalização do diálogo) não é impedida se ambos os lados se cristalizarem em posições cujos princípios são indispensáveis?

    Agradeço a atenção.

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  9. Pedro Zambarda (8:52),

    Qualquer hora volto ao tema da "manipulação ideológica", que é importante. Resumindo uma história que é bem mais longa, eu diria o seguinte. A dinâmica das assembléias maximiza a reação emocional em grupo e minimiza a reflexão individual. Nada contra discussões presenciais. Mas por que votar ali mesmo na assembléia, e não em casa, com calma, numa urna eletrônica, depois de pesar os prós e os contras?
    Abraço.

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  10. Leonardo Bernardes (9:25),

    Você tem razão. Para mudar, é preciso participar. Mas é preciso também criar uma disposição para a mudança entre alunos e professores. É o que tento fazer aqui. Devagar, chegamos lá.
    Obrigado pela visita.

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  11. Rodrigo (10:49)

    Obrigado pelas palavras carinhosas. Estamos claramente dobrando uma esquina da história. Temos que dar passos realmente grandes. Para isso, porém, temos que parar achar que o mundo começa depois da ponte da Euzébio Matoso.
    Abraço.

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  12. wilson, meu caro, não se iniba com essa história de erros de português. Isto é um espaço que está a meio caminho entre um texto e uma conversa de bar. É importante estarmos relaxados. Isso desarma os espíritos, e faz o papo fluir melhor.

    Você tem toda a razão quanto à composição do Conselho Universitário. Aquilo é um saco de gatos, sem representação nenhuma. Temos que voltar a esse tema uma hora dessas.

    Abraço, e volte sempre.

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  13. Rodrigo (11:02)

    Vamos pensar um pouco no significado da expressão "mudar de idéia". Quando é que a gente "muda de idéia"? Somente quando passamos a defender o contrário daquilo que acreditávamos ser verdadeiro? Ou também (e talvez principalmente) quando, premidos pelos argumentos contrários, somos levados a lapidar cuidadosamente as nossas, até perceber no interior delas uma riqueza que, sem a colaboração de nossos adversários, jamais descobriríamos?
    Abraço. Volte sempre.

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  14. Chega de blog. Agora, vou namorar uns livros novos que acabaram de chegar. Como dizia o Drummond, "amanhã, recomeço". Até lá.

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  15. "Um professor ou aluno que entra em sala de aula contrariando decisões de uma assembléia não se sente de modo algum traindo a 'vontade coletiva', a 'confiança dos colegas', ou o que quer que seja. Sente que está simplesmente exercendo seu direito de ir e vir, pois não atribui nenhum valor às decisões tomadas pelos colegas. Essas pessoas não frequentam assembléias, não querem frequentá-las, e não acreditam que, deixando de frequentá-las, estejam dando a quem quer que seja o direito de decidir qualquer coisa em seu nome. Esse é o ponto."

    É exatamente isso que o professor Vergílio falou que penso sobre os "piquetes". E penso ainda que se as pautas de reivindicações das assembleias são de que haja mais democracia dentro da USP, não podemos agir de maneira autoritária. Acho que todas as formas de convencimento são válidas, como por exemplo, imprimir panfletos, pedir ao professor alguns minutos da aula para explicar aos alunos a importância das assembleias e de se manter em greve... porém, sem nenhum tipo de impedimento se o professor e os alunos discordarem da greve, e desejarem "furá-la".

    Parabéns, professor, pelo texto. Concordo com quase tudo que o senhor escreveu, mas mesmo se não concordasse, acho que falta isso a muitos professores de nosso departamento: posicionamento dentro de um espaço de debate público.

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  16. Olá, João.
    Compartilho de sua admiração pelo diálogo e sua intenção de evitar toda violência, especialmente física. Só acredito ser preciso adicionar uma outra questão, talvez anteriores àquelas que você formula. Por exemplo:
    - e o aluno que reconhece a legitimidade da assembléia, pretende aderir à greve, mas, entretanto, perderá aulas já que seu professor e alguns alunos continuarão o curso normalmente? Não há aí também uma violência? Não é preciso garantir que os alunos que aderem à greve possam dela participar?
    Fica a questão.
    Não seria possível abordar todos os pontos do seu texto, além da dificuldade de mal entendidos - um texto escrito não tem "tom", pelo menos não quando não somos capazes (incluo-me), o que torna toda discussão virtual um tanto quanto limitada, sobretudo para decisões importantes... E há sempre o "anonimato virtual", além da dificuldade de votar, falsificar a questão do convencimento, a contingência do encontro, a política, enfim... Creio que assembléia virtual seria uma saída ruim, embora entenda as dificuldades que as assembléias de hoje enfrentam: não seria o caso justamente de enfrentá-las? se você fala em fazer uma assembléia virtual, é porque reconhece a necessidade do debate e da deliberação.
    Não se sentir representado pelo congresso leva muitos eleitores a anular o voto... nem por isso não há "legitimidade", no sentido da democracia formal, no congresso nacional. Como a democracia é muito mais do que isso, não é o caso de discutir a estrutura de poder da usp, por exemplo, antes de discutir o valor das assembléias? há representação estudantil e docente em vários níveis, porém, todos são restritos e não é preciso lembrar que a participação da comunidade acadêmica nas decisões maiores é praticamente nula, já que não se elege nem mesmo o reitor (o atual foi, aliás, o segundo de uma lista tríplice...). Isso não colabora para que as pessoas façam um "uso descomprometido" da universidade, abstendo-se da reflexão e construção deste espaço público?
    Bom, falei mais do que pretendia de início. Mas isso é porque gosto da honestidade com que você se envolve no debate, embora não compartilhe sua maneira de colocar os problemas, nem as soluções.
    Um abraço.
    Monica Stival

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  17. Roberto Brilhante,

    Você tem toda a razão. Falta discussão. O silêncio dentro da FFLCH é ENSURDECEDOR. Temos que rompê-lo.

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  18. Monica Stival,

    Obrigado pelos desafios. Meu post de amanhã tentará dar conta de pelo menos alguns deles.
    Abraço.

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  19. João Vergílio, meu caro, seu texto é, em muitos aspectos, irretocável! Ainda assim, gostaria de ressaltar o aspecto mais animador dele: você propõe uma alternativa às assembléias (ou, ao menos, ao voto nas assembléias). O fato é que esta é a primeira vez que vejo alguém propor uma alternativa em lugar de simplesmente se recusar a assumir qualquer posição sob o pretexto de não se sentir representado por elas. Como acho muito preocupante esses vácuos ideológicos que são deixados na universidade, prefiro, via de regra, consentir com certas reivindicações, apesar de não ser integralmente favorável a elas, a não tomar posição alguma. Esses vácuos a que me refiro são os mesmos nos quais se instalam partidinhos políticos (dispostos, por exemplo, a orquestrar invasões) e outros seguimentos inteiramente alheios aos interesses da comunidade acadêmica.
    Você nos lembra, em um de seus comentários, que "o mundo não começa depois da Ponte Eusébio Matoso", mas é preciso reconhecer que a Universidade envolve diversos seguimentos com exigências muito distintas (discentes, docentes e funcionários)e que, se estamos dicuntindo representatividade, a questão mais premente é justamente a da representatividade de uma reitoria cujos nomes são indicados por um colegiado (do qual somos muito mal informados)e que, no fim das contas, se decide numa instância que ignora completamente os interesses dos diversos seguimento universitários. Desculpe, mas questão da aptidão representativa das assembléias me parece menor, diante do fato de não nos sentirmos representados pela reitoria (o nome ficou em segundo lugar, quase empatado com o terceiro, é bom lembrar!), não apenas pelo nome que nela consta, mas sobretudo pelo modo como este nome foi escolhido. A este respeito, vale lembrar o que, sabiamente, diz a Raquel Rolnik: " A gestão da USP e de seus processos decisórios é absolutamente estruturada em torno da hierarquia da carreira acadêmica. Há muito tempo está claro que esse modelo não tem capacidade de expressar e representar os distintos segmentos que compõem a universidade, nem de lidar com os conflitos, movimentos e experiências sociopolíticas que dela emergem. O fato é que a direção da USP não se contaminou positivamente pelas experiências de gestão democrática, compartilhada e participativa vividas em vários âmbitos e níveis da gestão pública no Brasil. Enfim, a Universidade de São Paulo não se democratizou." Num tal quadro, em que a representativadade está ausente e em que o reitor, com apoio do governo do estado, parece não dar a menor importância para questões de representatividade, com todas as desmedidas dos discentes, prefiro me situar ao lado deles e das assembléias.
    Mais uma vez, acho muito louvável seu gesto de dedicar um blog a estas discussões!
    Abraço,
    Monique

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  20. Professor, eu não acho que uma boa via de discussão sobre "os problemas (e os limites) da representação e da legitimidade" seja a completa e ignorantista deslegitimação das assembléias. Essa discussão não virá através de não atribuir nenhum valor às decisões tomadas pelos colegas.

    Eu sou da "turma das assembléias" e gostaria muito de assistir às suas aulas, como o fiz religiosamente neste semestre. Seu texto só coloca em questão o meu comportamento, o comportamento de quem, atráves de uma assembléia com mais da uma centena de estudantes, optou por deixar as reflexões wittgensteinianas por um tempo para enfim enfrentar as contradições mais prementes da Universidade (contradições que o senhor fez parecer miudezas ao sair da aula na segunda). A apatia daqueles que simplesmente não se manifestam não é posta em cheque.

    Concordo que as decisões não são tomadas em condições ideais, professor. Teria mais tempo pra pensar e trabalhar para melhorar tais condições se não tivesse um trabalho para segunda, haha.

    P.S.: E isso porque você quer diálogo, imagine o contrário!

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  21. Monique,

    A questão do reitor é séria, sim. Mais séria ainda é a da composição do Conselho Universitário. Essas questões têm que ser discutidas, mas eu acho que a discussão envolve também uma reconsideração da idéia de que o reitor seja apenas um REPRESENTANTE de alunos, funcionários e professores. Voltaremos a isto diversas vezes. Por outro lado, a questão da legitimidade das assembléias é um problema absolutamente real, e pode perfeitamente ser discutido de forma independente. É por esse mecanismo que o movimento estudantil e as associações de professores são instrumentalizados, perdendo assim sua legitimidade. Não há nenhuma boa desculpa para não se adotar a votação eletrônica ao longo de um ou dois dias, com participação de toda a comunidade.
    Abraço.

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  22. Caro André Cristi,

    Acho louvável que haja discussão dentro da Universidade. Se não achasse, não estaria aqui, à meia-noite, discutindo. Mas a crise de legitimidade das assembléias é tão real entre os alunos quanto entre os professores. É preciso recuperar essa legitimidade, e isso passa por mecanismos que AMPLIEM a possibilidade de discussão e participação nas decisões, e não de uma indiferença diante dos problemas. Fiz a minha parte, apresentando alternativas.
    Quanto às greves, me responda uma coisa. Por que as discussões sobre a universidade têm que OCUPAR o lugar das aulas? Por que não podem ACRESCENTAR-SE a elas?
    Abraço.

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  23. A coisa que mais me entrestece é ver a falta de uso da inteligência, que seguramente está presente, mas não está atuante.

    Os objetivos maiores são esquecidos pela excessiva preocupação em garantir que os caminhos escolhidos para estes objetivos estejam livres.

    Vivi em uma época de opressão oficial e declarada e o uso da jnteligência, não presente nos opressores, é que me permitiu sobreviver quase que imaculadamente, manter meus pensamentos livres e minhas atitudes coerentes.

    Sejamos todos inteligentes e aprendamos que há mais de um caminho para nossos objetivos.

    A questão não é a polícia, a maconha, a greve... a questão é a liberdade e ela é interior. E o uso da inteligência é a forma de preservá-la.

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  24. Bom dia. Do ponto de vista de um docente universitário de outra instituição, alheio portanto ao grupo envolvido mas não imune a problemas semelhantes, quero testemunhar que, contrariamente ao que afirmam alguns (alunos, no caso), a violência dos piquetes a mim me parece grande, sim, pois agride o direito de ir e vir e de discordar das decisões de assembleias. Se há tantos alunos que discordam e querem aula é porque os argumentos catastrofistas dos que protestam e comandam as assembleias (é sabido que há manipulação por parte de minorias organizadas) não são convincentes. O uso da força física ilegítima (a polícia apenas cumpre decisão judicial, quando desaloja ocupantes) é típico de quem quer impor argumentos que se sabem fracos. E se um aluno acha crucial a paralisação das aulas como forma de protesto, tão importante a causa que o mobiliza, que aceite a falta, a nota baixa, a reprovação na disciplina do docente que discorda da dita causa e precisa, de toda forma, cumprir sua obrigação com a Instituição (com o povo que financia, no caso da Usp, e com o aluno que quer aula). O aluno muitas vezes quer protestar sem se sacrificar - mas se a causa nos parece nobre isto nos libera dos deveres de respeito aos regimentos e à opinião de quem discorda? Eu discordo do aluno que se mobiliza para tentar tentar fechar um hospital público (como ocorreu na Unicamp, onde alunos apoiam greve parcial de funcionários) mas não vou ao Centro Acadêmico dizer que isto é errado. Façam o que parecer melhor, e convivam com a consciência, se algum dia se arrependerem. Aprendam com o erro, ou orgulhem-se do acerto, etc. Mas não quero e não posso aceitar que paralisem minha aula. Se não querem ir, não o façam. Não posso deixar de dar aula, havendo alunos interessados. E não posso aceitar que tentem impedir-nos de entrar na sala, com cadeiras, piquetes e ou mesmo barulho. Peçam a adesão com argumentos, aceitem a existência dos que não apóiam, convivam com uma greve parcial, mas não usem do bullyng... Isto é crime. Uma constituição em um país democrático é um ganho que não se pode desprezar. Desculpem a intromissão. Abraços e parabéns ao colega pela iniciativa. Ass: Docente da Unicamp.

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  25. George Wootton,

    Concordo com você. Minha idéia, aqui, é inserir essa liberdade de pensamento no espaço INTERPESSOAL. Conversar com quem discorda de mim. Trocar idéias, simplesmente, sem trocar insultos.
    Obrigado pela visita, e volte sempre.

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  26. Caro colega da Unicamp,

    Muitíssimo obrigado por sua visita, por externar sua opinião e dar o seu testemunho. Um dos pontos centrais da argumentação que pretendo desenvolver na próxima semana diz respeito ao valor SIMBÓLICO da interrupção de aulas como parte da ação política. Acho que renderá uma boa discussão.

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  27. O tal "grupinho das assembleias" toma atitudes completamente antiéticas e antidemocráticas, como por exemplo desrespeitando completamente o estatuto do DCE e, em mais uma das assembleias 'muito legítimas' que armaram, deliberaram pelo adiamento do pleito. E de caso pensado: o pleito, marcado para a semana seguinte à da assembleia, não havia sido divulgado e nem anunciado, nem no site do próprio DCE que, no entanto, ressoa frequentemente as decisões de certos partidos e organizações políticas alheias às questões estudantis. Mas a tal deliberação, ainda que fossem legítimas as assembleias, contraria o estatuto do órgão, que tem como norma que apenas o CCA delibere acerca do pleito.

    Então, esse movimento muito bem organizado, sim, mas que se intitula estudantil mas jamais apresenta pautas relevantes aos propósitos estudantis, sem jamais deixar de ressonar os intuitos privados de grupos/partidos que os comandam, como PCO, MNN, LER-QI, etc, critica, talvez com certa razão, o afastamento dos processos decisórios da Universidade. Acontece, que pelo que já se viu até o momento, entregar-lhes o poder decisório ou uma parcela dele servirá apenas para privatizar de vez a Universidade em prol dos interesses pessoais de certos líderes de rebanho e dos interesses privados e nada acadêmicos de certos grupos e partidos que de fato atuam e mobilizam os grupos extremistas da USP e de outras Universidades. Não vejo vantagem nesta troca, ainda que seja minha opinião de que toda a cadeia de decisões da Universidade necessite ao menos de muito maior transparência à comunidade universitária e à sociedade, que de fato a financia.

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  28. Siegfried,

    Concordo plenamente com a necessidade de alterarmos os mecanismos de escolha do reitor da Universidade e a composição do Conselho Universitário. Antes, porém, de discutir essa questão, é preciso fazer com que ela AFLORE. Buscarei mostrar que ela está encoberta por um manto mitológico que impede a interlocução genuína.
    Abraço, e volte sempre.

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  31. Caro IBMIM

    Tenho 53 anos. Quando tinha a idade de vocês esses métodos que você descreve já eram utilizados amplamente. Você tem toda a razão de estar revoltado. Ninguém agüenta mais isso. O sistema de votação em assembléias está completamente desacreditado. E, o que é pior - temos uma alternativa muito simples. A urna eletrônica. Ou a urna convencional, como quiserem. Com essa medida simples, a possibilidade de manipulação acaba inapelavelmente. Não tem mais essa de "esticar" a assembléia, ou de inserir pontos na pauta, ou de aproveitar que a maioria foi embora, ou mil outras formas DESONESTAS de agir, de manipular a expressão da vontade da maioria. Não estou falando apenas sobre alunos. Falo também sobre nós, professores. Não reconheço nenhuma decisão da Adusp que esteja baseada no voto em assembléia. Isso é picaretagem. Temos que BANIR o voto em assembléia da universidade. Chega dessa palhaçada.

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  32. IBMIM,

    Estava tão entuasiasmado que acabei me esquecendo de agradê-lo pela visita. Volte sempre.

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  33. Sou aluno do primeiro ano de licenciatura em fisica porem minha namorada ja esta na USP a tres anos na FAU e desde de 2009 venho acompanhando assembleias com ela e etc, portando gostaria de expressar aqui minha opinião referente a forma com que as assembleias são organizadas e manipuladas.
    O que vejo nas assembleias da USP dos cursos em geral é uma profunda falta de respeito com os alunos da universidade, primeiramente a grande maioria delas não contam nem com 20% dos interessados, o que ja as torna ilegitimas, são organizadas por uma mesa totalmente parcial que manipula o direito de falar dos envolvidos, não aceitam a derrota, votam diversas veses a mesma coisa, e caso não consigam os resultados esperados marcam uma nova assembleia de forma furtiva assim como disse o colega Siegfried.
    Vi casos extremamente revoltantes, como a assembleia na fisica que contou com aproximadamente 300 alunos, e teve pessoas da mesa que apos perceber que a grande maioria dos alunos eram contra a greve ofendeu verbalmente os presentes falando que pessoas que eram contra a greve eram iginorantes e tinham medo de expreçar suas opiniões, esta mesma mesa apos perceber a parcialidade dos alunos tentou adiar a votaçao alegando falta de tempo para uma discuçao mais aprofundada mesmo restando ainda 1/5 do tempo delimitado, porem apos vaia da grande maioria dos presentes vendo-se obrigados a votar a greve inventaram novas votaçoes e nesse periodo votaram não menos que 6 coisas totalmente irelevantes chegando assim no final do tempo delimitado, poram a grande maioria dos presentes se revoltaram e obrigaram a mesa a realizar a votaçao, que a contra gosto acabou votando e mais de 90% dos presentes votaram contra a greve. Esta mesma mesa apos a votaçao disse que a votaçao nada empedir que na proxima assembleia marcada para a semana seguinte vota-se novamente a greve.
    Vi diversos casos similares, por exemplo na fau, vi reunioes de salas que tinham 150 alunos contarem com 17 pessoas para decidir por todos quem poderia ou nao fazer provas, vi alunos sendo cercados por grevistas por quererem fazer as suas provas, e sendo ofendidos.
    Vejo estes acontecimentos com pesar, pois aqueles que dizem estar lutando pelo direito a opinião, o direito de se expressar impedem totalmente o direito de outros, nao digo aqui apenas o direito de ir e vir como a maioria das pessoas tanto frisou falo em um direito ainda mais nobre e inegavel a todo o ser humano que é o direito de pensar.
    Porem os argumentos da grande maioria dos grevistas para suas ações animalescas é comicamente a democracia, porem democracia esta que se assemelha mais aos modelo do socialismo implantados por Mao Tse Tung onde o povo deveria ser controlado por um poder maior ate conseguir andar com suas proprias pernas e a oposiçao eliminada. Pesso desculpas se pareço exagerado, porem a situaçao toda é um exagero.

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  34. Ja no que desrespeito a greve sou contra este movimento, em primeiro lugar pois ele começou errado a tomada da reitoria foi uma afronta a decisão coletiva dos alunos da USP que eram contrarios a isso,e novamente vemos aqueles que lutam pela democracia desrespeitarem a decisão da maioria, mesmo que a ação da policia tenha sido um exagero absurdo ela estava apenas garantindo o direito coletivo.
    Em segundo lugar, para mim a dois tipos de greves, aquela que tenta conseguir o quer lesando alguem no caso o dono de uma fabrica por exemplo, e outro tipo que é chamando a atençao da midia e da população em geral para apoiar a sua causa , como é o caso de mahatma gandhi e suas greves de fome, porem o movimento na USP ja nasceu morto, primeiro por estar no fim das aulas e portanto esta greve ja ter um praso de validade, e segundo pois a opinião geral da sociedade é que na USP tem apenas maconheiros e portanto nao possuimos um apoio. Esta opinião de fato foi passada pela midia e não é verdadeira, porem é verdade tambem que a uma grande quantidade de pessoas usuarias de maconha no campus, Basta se aproximar da sala conhecida como “chiqueirinho” na FAU para sentir um forte odor de maconha, e estas frutas podres mancharam a imagem do movimento e da faculdade de forma permanente.
    E em terceiro lugar é a falta de ideias dessa greve, vi diversos professores favoraveis a greve descursar e tenho de adimitir que concordo com os motivos deles, porem ao meu ver estes estão romantisando o movimento e vendo apenas a parte nobre do mesmo, pelo que os grevistas estão lutando? Ja ouvi uma boa dezena de coisas porem a mais comentada é que estão lutando por uma segurança efetiva no campus e não uma segurança alegorica que é a da PM, porem quando vemos os cartazes as pixações a unica coisa escrita é “FORA PM” como iremos mudar a visão das pessoas sobre o movimento sendo que a unica coisa que demonstramos é um medo irracional da PM? A visão que passamos com isso é apenas de que somos foras da lei com medo de sermos pegos no ato infracional.Dessa forma o movimento não deveria ser “FORA PM” e sim “por uma policia mais efetiva e correta”?
    Então me pergunto não é hora de pararmos a greve reunir as pessoas maturar as ideias e então criar um movimento legitimo bem articulado e com revindicações mais pertinentes?

    Bom novamente pesso desculpas se pareci exagerado, e pesso desculpas tambem por possiveis erros de portugues, porem sou disléxico e no momento não tenho um editor de texto instalado em meu computador.

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  35. Comentando o que o IBMIN disse, na própria FAU eu estava numa daquelas discuções. Me posicionei dizendo que não apoiaria nada daquilo pois era totalmente contra suportar um movimento que começou com uma tentativa de barrar uma ação correta da PM , que era repreender usuarios de drogas. Independentemente das discuções nao se pode dizer que a PM agiu errado. Como resposta me disseram que a tempo a PM "patrulhava" a História e Geografia (ou era a FFLCH... nao lembro), que a PM invadiu a biblioteca para revistar pessoas e que a rua do matão estava sem policiamento
    Aproveitando o momento pergunto se alguem sabe se algo disso é real, se houve PM na biblioteca e se houve porque ESSE não foi o estopim. Porque esse fato não foi levado a público mais cedo, porque não iniciar as discuções com o argumento pertinente de que a PM estava mal posicionada. Se isso for ou fosse verdade eles teriam respaldo "físico" para toda a argumentação deles de que a PM era algo repressivo!

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  36. Professor João Vergílio obrigado pela resposta, porem em diversas ocasiões eu vi pessoas sugerirem uma votação por urna. Porem em todas as ocasiões a resposta dada pelos representantes era de que as assembleias como eram dirigidas representavam os moldes da democracia grega e que era uma ótima forma de mostrar representatividade.Porem quando indagados sobre o direito de voto daqueles que não puderam comparecer as assembleias eles simplesmente respondem que estas pessoas por não terem participado da discussão não tem o direito de voto.

    Alem disso caso usassem uma urna normal quem garante que elas não seriam fraudadas?

    Na atual circunstancia o movimento estudantil na USP tem se mostrado traiçoeiro e manipulador onde a unica coisa que realmente importa é a sua própria opinião impedindo todos os contrários de terem voz para se manifestar, como é por exemplo o recente caso de retirarem os representantes do Centro Acadêmico Visconde de Cairu (FEA) do DCE alegando falta de comprometimento com a causa estudantil. Porem fica claro que isso é apenas uma medida de tentar calar a FEA que tem se mostrado contra a greve e a favor da PM no campus.

    no fim faço uma pergunta, que democracia é esta que estes estudantes estão tentando defender que censura as vozes contrarias a eles assim como na ditadura militar que dizem odiar tanto?

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  37. Rodrigo, o Coelho

    Só agora me dei conta de seu comentário, por isso não respondi antes.

    Não sou favorável a abusos da PM, naturalmente - nem no campus, nem em lugar nenhum. Até onde me foi possível acompanhar os fatos de modo independente, sem me valer de testemunhos, a ação me pareceu perfeitamente razoável. (A questão das drogas tem que ser debatida globalmente. Sou absolutamente favorável à descriminalização das drogas. O Estado não tem que meter o bedelho na minha vida, caso eu não esteja incomodando ninguém. Mas não faz sentido exigir que a polícia aja dentro da USP de um modo, e fora dela de outro.)

    Amanhã, farei um post sobre a PM.

    Obrigado por sua leitura e por sua participação.

    P.S.: Se puderem, postem os comentários lá em cima, nos posts que estão mais visíveis. Aqui embaixo, o comentário fica perdido, e pouca gente lê.

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  38. IBMIN,

    A reitoria deveria disponibilizar um mecanismo eletrônico de votação no portal, com senha de acesso individual. Há diversos foruns virtuais com formato fechado que podem ser utilizados. Se for o caso de construir uma urna eletrônica, um bom programador faz isso numa tarde. Obstáculo técnico, não existe. É uma questão de "vontade política", como se diz.

    Vamos discutir lá em cima, nos primeiros posts, IBMIN. Aqui embaixo, os comentários se perdem, e pouca gente lê. Há muita gente acessando. Vale a pena socializarmos a discussão.

    Grande abraço.

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  39. Pronto, agora esta última fronteira razoável foi transgredida: o 'pessoal das assembleias' resolveu perturbar as aulas e provas da Letras com apitaços e badernas, mas os professores e alunos persistiram nos seus afazeres. Um indivíduo, então, invadiu uma sala, virou a mesa do professor e o agrediu.

    Não deve demorar muito para que a outra parte, agora, também reaja fisicamente. Talvez por conta dos ânimos alterados de todo mundo, mas também porque nem sempre a agressão é evitável: não faz sentido deixa-se agredir e deixar que agridam os que lhe são caros apenas para 'não se rebaixar ao nível deles'.

    O lamentável desfecho mencionado, infelizmente, tornou-se realidade.

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  40. Siegfried,

    Violência física é um limite que JAMAIS deve ser rompido. Cansei de insistir aqui sobre o perigo desse conceito de "violência mínima" que os piquetes introduzem. Quem faz um tento, faz um cento. Não podemos tolerar isso dentro da Universidade. Não podemos.
    Fiquei chocado quando soube.
    Onde é que vamos parar?
    Grande abraço.

    P.S.: Se puder, poste os comentários lá em cima, nos dois ou três primeiros posts da lista. Os comentários aqui de baixo vão sendo cada vez menos lidos. Volte sempre.

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  41. Muito bom comentário, professor!

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  42. Genial, falou tudo. Parabéns ao professor.

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  43. Perfeito o texto, parabéns professor. Falou tudo o que está entalado nas nossas gargantas por sofrer anos os abusos de grupos fanáticos.

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  44. Excelente texto, João! Estudo na UFRJ e nossa Assembleia de Estudantes foi, no mínimo, lamentável, com vaias a pessoas que se posicionavam contra a Greve Estudantil, uma mesa totalmente polarizada, além de, é claro, o grupo que sempre usa desse tipo de situação para promover partidos políticos. Achei sua sugestão da urna particularmente ótima, a nossa "democracia" nesse tipo de decisão parece virar uma piada de mau gosto.

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